domingo, 15 de agosto de 2010

Uma Casa Azul no meio do Sertão


Já faz quase uma semana que voltei de Nova Olinda, no sertão do Ceará, quando participei da mostra "Cariri Mostrando a Nona Arte dos Quadrinhos e Animação", realizada pela Fundação Casa Grande.
Resta saber quem tinha mais a mostrar, se os convidados ou nossos anfitriões.
Antes de ir, escrevi para Alemberg Quindins, o diretor da Fundação: "usem e abusem de mim quando eu estiver aí". Como sempre, foi pouco. Participei de uma mesa e dei uma breve oficina.
Por isso me coloquei à disposição da meninada, e de alguns marmanjos também.

Falei de meus personagens e até desenhei alguns Dom Joões, mas o que fez sucesso - como negar? - foram os personagens do Maurício. Nessa foto abaixo, feita na bem organizada gibiteca, acabei de rabiscar um Chico Bento:

Momô (José Wilson), Huguinho, Raimundo Júnior (perto do ombro de Momô), Rodrigo (filho de dona Meirivan, que nos hospedou em Nova Olinda), Danilo, eu e Felipinho.

O encontro foi muito rico, com um time bem variado de convidados, especialistas não só em HQ ou animação, mas em organização de eventos como este e gibitecas:
- quadrinhistas: Jô Oliveira, André Diniz, Klévisson Viana, Luís Afonso, Weaver Lima e eu;
- jornalistas: Sidney Gusman, Gabriela Romeu;
- gestores culturais: Raymundo Netto, Tibico Brasil, Paulo Amoreira, Maristela Garcia;
- diretores de festivais de HQ: Nelson Dona (Amadora) e Paulo Monteiro (Beja), de Portugal;
- produtores de animação: Daniel Schorr, Belinda Oldford, Ricardo Juliani, Paulo Brandão e Elizah Rodrigues (sonorização);
- pesquisadores: Sonya Bibe Luyten, Max Krichanã, Gervásio Santana;
- e o cosplay e cover de Tex, o colecionador G.G.Carsan.

(mais detalhes sobre cada convidado aqui)


Antes de chegar a Nova Olinda, fomos a Juazeiro do Norte pedir a benção ao santo padim Padre Ciço, pedido feito por Jô Oliveira à produção do evento.

Nas fotos acima, a partir da primeira à esquerda: Jô, eu e André Diniz; Gabriela, Gervásio e Diniz; padre Cícero; Jô e Sidney Gusman; Patativa do Assaré e este que vos tecla.

O grande poeta de Assaré foi clicado no Lira Paulistana, centro cultural dedicado a preservação da arte da xilogravura e do cordel.


Acima, a partir da primeira foto: o xilógrafo José Lourenço Gonzaga e Jô Oliveira posam diante do Pavão Misterioso, arte do Jô; e nas seguintes mestre José Lourenço demonstra numa impressora dos anos 20 como se imprime uma xilogravura.

Aqui, um link pra saber mais sobre este artista.

(Falar que o Jô Oliveira é quadrinhista é contar só metade da missa: ele é um artista extraordinário, ilustrador entranhado na arte popular brasileira, com atuação e fama internacional. Num outro post eu falo com mais detalhes deste e de outros cabras).


Acima, algumas imagens das mesas em que os convidados falaram um pouco sobre suas atividades. Do alto à esquerda em diante:

1. Gervásio, Gusman e Diniz, em mesa sobre divulgação dos quadrinhos, blogs e coisas afins;
2. mesa de animação: Daniel Schorr e Belinda Oldford (que fizeram desenhos no National Film Board do Canadá) e Elizah e Paulo Brandão (sonorização, vozes e música - Elizah nos brindou com uma palhinha no show que teve no sábado, da banda Abanda dos garotos da Fundação);
3. Paulo Amoreira, da Gibiteca de Fortaleza, e o cãmera Helinho;
4. o grande Klévisson Viana (é outro em que o adjetivo "quadrinhista" lhe soa pequeno: Klévisson é editor, escritor, cordelista e um grande cultivador das tradições nordestinas);
5. Amoreira, Maristela Garcia (da Gibiteca de Curitiba), Jenfte e Samuel, da Gibiteca da Fundação.
6. mesa da BD (HQ) portuguesa: Nelson Dona (festival de Amadora), Luís Afonso (cartunista) e Paulo Monteiro (festival de Beja).

Acima, Alemberg Quindins, Sonya Luyten, Klévisson Viana e Jenfte; agachados, Felipinho e Momô.
Não posso deixar de registrar o belíssimo show de Abanda, na sexta à noite.
Os rapazes tocaram acompanhando e ampliando o vídeo "Rua do Vidéo" numa mistura muito rica dos trovadores, poetas e cantores populares (vejam este Cego Heleno, não parece um bluesman? tocando, mais ainda) com sonoridades modernas.
Não está na foto, mas na percussão esteve o André Magalhães, que dirigiu o vídeo.
Nas duas fotos do alto, os diretores da FCG Alemberg e sua esposa Rosiane Limaverde, arqueóloga (pois é, tem um trabalho legal com fósseis na região, tem um acervo arqueológico, é tanta coisa...) cantam no vídeo a forte e hipnótica "Waiucá".
- êêê manacá... rainha, rainha... Jurema, Jurema...
- Entoe para mim o canto das filhas órfãs do Reino dos Encantados...
Super bonito. Infelizmente, não tem no Youtube.
(a Wiliana acabou de me avisar que tem sim, neste link: http://www.youtube.com/watch?v=_k6en8A09sE . Não é a mesma gravação, a do vídeo está mais limpa e a voz do Alemberg mais grave, acho que ficou melhor; mas é isso aí, é pra escutar e entrar em transe :)
O Alemberg sabe fazer rir, sabe comover e sensibilizar, sabe escolher palavras precisas, simples e poéticas, fruto de suas andanças pesquisando os mitos da região e a cultura kariri.
Gostei muito de conhecê-los, e pode contar comigo para defender a Bolota, Alemberg :)


E eu e a turma: Ana Carla, Felipinho, Momô (José Wilson), Júnior e, quase de costas, a valente Cuta que precisava lembrar aos convidados que o tempo havia acabado.


Acima, eu e Momô desenhando (Momô é o autor do desenho que abre este post, colorido por mim).
Abaixo, desenho de Danilo.

E para terminar, Raimundo Júnior, que me deu este retrato de presente, sem esquecer nem um detalhe: