terça-feira, 22 de dezembro de 2009

YESHUAH - o Natal segundo Laudo



Foi durante o I PQP - Primeiro Papo de Quadrinhos de Petrópolis, em julho de 2009 - que Laudo Ferreira me mostrou os originais em A3 de Yeshuah, sua biografia não-autorizada de Jesus, que acaba de ser lançada pela Devir.

Fiquei muito impressionado. Já conhecia a produção de Laudo nas HQs históricas, na Tianinha e algumas páginas do Clube da Esquina. Até então, achava-o versátil e competente, mas perto de Yeshuah são trabalhos apressados, onde se nota que o desenhista precisou cumprir prazos sempre muito apertados.

Em Yeshuah, porém, cada página possui muita força gráfica, é visível a elaboração requintada, o envolvimento profundo do artista (que contou com a arte-final de seu parceiro Omar Viñole).
Até por isso, estranhei o formato (16 X 24cm), queria o maior possível. Já nosso anfitrião no PQP, André Diniz, disse preferir esse formato. Pensando bem, foi nesse tamanho que li o "Cavaleiro das Trevas" 12 vezes. Vai ver que a idade está me obrigando a ler mais de longe...

Laudo trabalha na obra desde 2001, e parece que são mais de 400 páginas que serão divididas em três álbuns. Trabalho de monge :)

Transcrevo aqui um email de felicitações que lhe enviei e ele devolveu com respostas, e acabou ficando com cara de entrevista ou bate-papo.



S - fala Laudo! beleza?
Acabei hoje o Yeshuah, inclusive teu posfácio e o prefácio, nessa ordem.
(que prefácio, heim? a tradutora mandou muito bem).
Vc cita o Geza Vermes, do livro "Jesus, o Judeu" eu curti muito.
Tem um outro que só folheei na livraria mas nao sei de quem é: tratava sobre o processo que condenou Jesus, pelo direito romano e as leis judaicas, tentando chegar a um julgamento segundo os parametros da época.

S - Nunca curti muito os apócrifos porque desconfio muito dos textos esotéricos - se oferecem como "a verdade oculta" mas são muitas vezes mistificações grosseiras.
Mas agora, vejo que podem ser muito interessantes como inspiração para a história do personagem Jesus.
A "moça aprendiz de Magdalit" tb é um achado e ajuda a ver os personagens com outros olhos).
L - Essa questão da Maria Madalena não ser apresentada como prostituta foi um dos pontos principais que pegou o Douglas e principalmente
o Mauro da Devir que é profundo conhecedor do assunto.


S- No começo me confundi, eram muitos nascimentos, muita mulher grávida, e nenhuma era Maria! :)
L - Pois é, Spacca, na história de Jesus há muitas Marias, pelo menos nos evangelhos canônicos. Veja, fora as Marias, mãe e Madalena, entra ainda
a Maria irmã de Marta, ambas irmãs de Lázaro. Essa eu tirei do roteiro e deixei só a Marta, por achar mesmo que era muito nome repetido e
iria causar confuisão com o leitor e por se tratar de uma versão minha, de um roteiro meu, me dei o direito.

S - Curti muito o dilema do José, muito bem desenvolvido.
L - Legal. Percebe que mesmo "aceitando" a condição de sua mulher, ele sempre, está com um olhar desconfiado.

S- Muito louco o teu livro: gostei de como os momentos que no evangelho são pá-pum, vc transformou em páginas de êxtase, de dor.
Como as páginas sem molduras com o José oprimido pela visão do anjo, o batismo xamânico e outros instantes em que vc revelou a força existente.
(tive a impressão de que no batismo a força de deus iluminou os chacras de Jesus).
L- Teve o Edu, um rapaz dos meninos do 4ºMundo que teve um tipo de "extase" quando leu essa parte do batismo. Ficou forte. Eu
mesmo, conforme conto no prefácio, tive um treco quando desenhei essa página ouvindo um som de um músico alemão ligado
às meditações do Osho.


S- Perturbadora a visão das cruzes com os cachorros arrancabdo pedaços dos cadáveres, as tripas caindo, Maria vomitando.
Muito forte mesmo.
L- A idéia, Spacca, era deixar uma imagem forte e pertubadora mesmo. Pois a igreja católica acabou deixando essa visão
do crucificado muito poética, muito bonita. E estudando mais afundo você óbviamente percebe que não. Inclusive a altura
das cruzes em relação ao chão é mais ou menos aquilo que foi desenhando, segundo algumas pesquisas.
O lance dos cães devorando os pés dos caras e as tripas era comum acontecer...eca!



S- Estranhei a falta do estábulo com a manjedoura, vc usou uma gruta, deve ter tido razões para isso.
L- Sim, claro. Burrinho, vaquinha é muito presépio e não queria isso. Foi meio baseado num evangelho Rosacruz e mesmo alguns apócrifos contam isso. Mas a questão foi mesmo minha de mostrar Maria sozinha parindo a criança e em pânico com essa coisa nova e seu questionamento com Deus.

S- Achei bastante curioso o lance dos soldados de um dos magos matar o informante de Herodes. Isso é viagem tua ou se baseia em relato?
L- Não. Isso é meu. A idéia era justamente mostrar o quanto a história dele estaria marcada com violência e sangue, mesmo ele chegando para trazer uma outra palavra. O texto que os magos falam enquanto a cena acontece lá fora da gruta justamente é o contrário do que está ocorrendo. E no final das contas, a igreja misturou tudo numa panela só.

S - Muito bom mesmo. Muitos deveriam ler teu livro para conforntarem a história conhecida com as coisas que vc descobriu ou inventou.
abração
sp
L- é isso.
Abração pro senhor também e deixou-me muito feliz!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Curso de HQ na Casper Líbero



Em janeiro de 2010 (de 18 a 27/01), darei um curso de HQ na Faculdade Casper Líbero de jornalismo, em São Paulo.

Serão 7 noites (das 19:00 às 22:00), carga horária de 21 horas. Há vagas para 25 alunos.

Cada aula abordará um aspecto dos quadrinhos; como minha filosofia é de que HQ é um arte múltipla, formada por várias outras artes, buscaremos ajuda em outras especialidades para tentar entender cada etapa da criação de uma HQ.

Por exemplo, na segunda aula (roteiro), analisaremos como se estrutura uma narrativa dramática que tanto serve para cinema e teatro, como para quadrinhos.
Já no sexto dia (expressão e design gráfico), para entender a página como um todo e os diversos estilos de desenho nos quadrinhos, buscaremos conhecimentos das áreas de design, gestalt, história da arte e da arquitetura, noções de projeto gráfico e outras.

Esta é a estrutura do curso:

Primeiro módulo (18/01) Introdução aos quadrinhos
nona arte / arte híbrida / artes semelhantes / breve histórico / conceitos-chave

Segundo módulo (19/01) Roteiro
o que é uma história / ficção e realidade / sonho e memória / mitos, fábulas, parábolas / estrutura do script para teatro e cinema (3 atos) / o roteiro para quadrinhos / adaptações literárias

Terceiro módulo (20/01) Personagem
personagem, persona: personagem encarna o autor e o leitor / personagens imortais, arquétipos / profundidade psicológica / identidade e ação / tipos psicológicos / identidade social / aparência física, trajes / casting / o design do personagem de HQ

Quarto módulo (21/01) Narrativa Visual
a imagem que conta uma história / histórias de um só quadro / sequências de imagens / a representação do tempo (decupagem) / o storyboard / enquadramento, ângulos / linguagem de cinema e quadrinhos

Quinto módulo (22/01) Humor Gráfico
a "fórmula do humor": anatomia de uma piada / humor verbal e humor visual: a pantomima, a gag, a arte do palhaço / o desenho de humor / caricatura / a tira de jornal / charge e cartum

Sexto módulo (26/01) Expressão e Design Gráfico
os diversos estilos de desenho de HQ / organização do espaço e expressividade / estilos pessoais X estilos coletivos (por ex., mangá) / projeto gráfico e identidade visual / adequação e influência aos meios de impressão e tecnologia

Sétimo módulo (27/01) HQ e Mercado
o quadrinhista e os diversos setores e pessoas com quem interage: o editor, a distribuição, a imprensa, o pesquisador, a escola, o aluno, o leitor / a formação do quadrinhista, a profissionalização / HQ como carreira / HQ como linguagem aplicada a outros campos (comunicação, publicidade, treinamento, campanhas educativas) / o momento atual dos quadrinhos.

Este curso não é uma oficina - os alunos não produzirão. Os módulos serão como palestras, com exibição de imagens, originais, análises de desenhos e roteiros, demonstrações ao vivo e bibliografia comentada.

As inscrições e acertos devem ser feitas direto na Casper Líbero, para mais informações clique aqui.

A faculdade Casper Líbero fica no prédio da gazeta, na av. Paulista 900, próximo ao metrô Brigadeiro.
Informações pelos telefones (11) 3170-5910 e (11) 3170-5911.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Oficina com Jubiabá, Debret & Cia no RS


Tem coisas que deixam a gente muito contente...

O jornalista Augusto Paim, citado no post anterior, está fazendo oficinas com alunos para divulgar os quadrinhos dedicados aos temas históricos e literários.
Como ele costuma escrever no seu blog CABRUUUM, "cutuque aqui" para saber mais.
(Esta foto eu emprestei do blog dele. Se tiver crédito, me diga).
Abração, Augusto! Muito obrigado!

domingo, 15 de novembro de 2009

Esta é a história de Antônio Balduíno, tchê!


(da esquerda para a direita e de cima para baixo: o cartunista Santiago; uma turma de alunos de História presentes na nossa palestra; os quadrinhistas Carlos Francisco e Jader Correa ("Alexandria"), e de camisa preta, Jefferson Barbosa (popquadrinhos), autor do meu retrato; de quadrinho na mão, Marko Ajdaric (Neorama dos Quadrinhos) em foto de Luiz Ventura, as outras são minhas; na foto maior, eu, Rafa Coutinho, Eloar Guazzelli, Rafael Grampá, André Alves (produtor do "Mutação") e sua namorada mineira que não lembro o nome, perdão, aceitamos correções nas legendas)

Num dos armazéns do cais do porto de frente ao rio-mar Guaíba, aconteceu o "Quarta Mutação - HQ, Zines e outras histórias", atividade da área infanto-juvenil 55ª Feira do Livro de Porto Alegre.
(tem gente que não gosta de ver HQ associado a infanto-juvenil, diz que HQ também é para adulto... ora, é bom fazer uma arte que está sempre rejuvenescendo :)

Fomos lá contar nossa experiência com HQ e literatura e, principalmente, rever e fazer novos amigos entre a gauchada.

(como vêem, a beira do Guaíba rendeu. Na dupla condição de convidados da Feira e anfitriões da terra, Guazzelli e Grampá decifram para este viajante os segredos da Cultura do Prata, com destaque para as gurias. O desenho é criação coletiva de Grampá, Rafa Coutinho, minha e de Guazzelli, nesta ordem (a minha janela e os fios de Guazzelli é que deram o tcham no desenho, claro).

Na feira, ainda tive o prazer de reencontrar meu velho amigo Alfredo Aquino, hoje editor, dos bravos tempos na agência Enio Mainardi em SP nos oitenta; e por meio dele o novíssimo amigo Aldyr Schlee, autor dos recentes contos gardelianos "Os limites do impossível" (livro lindo, a alma das mulheres que cercaram o nascimento misterioso de Carlos Gardel) e criador aos 17 anos da Camisa Canarinho, símbolo nacional certamente mais venerado que o lábaro estrelado.

(Schlee, Aquino, Marlene, Schlee com a camisa, e Gardel, por supuesto).

No último dos 3 dias que fiquei por lá, fui conhecer a escola municipal Grande Oriente, no bairro Rubem Berta, na periferia de Porto Alegre.

"Como você pode ver, o Jubiabá é o que mais marcou os alunos", disseram as professoras.
"Desenha Balduino", "Desenha a namorada dele".
Foram três horas curtas, intensas e emocionantes. Muito obrigado pelo convite!


Para um post este aqui já está de bom tamanho, mas nem por alto consegue abarcar a variedade de pessoas e experiências marcantes que passei em contato com o Povo da Fronteira.

Haveria muito a dizer sobre a continuação da tarde do Guaíba, que se prolongou no Bar do Nani na escadaria do viaduto Otávio Rocha (tradicional point da GRAFAR, conheça o blog Tinta China), o encontro com Santiago, Edgar Vasques, Fábio Zimbres, Lancast, a otacílica Chiquinha, o incansável oficineiro Augusto Paim, a poeta filósofa blogueira mestranda andarilha Laurene Veras e outras peregrinações pela Cidade Baixa.

E assim subitamente voltamos, enriquecidos e incompletos, para um ponto qualquer do Brasil perdido entre PoA e Salvador.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

QUÉÉÉ QUÉÉÉ QUÉÉÉ QUÉÉÉ!


O troféu da revista Piauí não teve nada a ver com Jubiabá, mas vou postar aqui mesmo, porque é o meu blog mais ativo (ou menos inativo).

A publicação, que tem como símbolo um pinguim guerrilheiro (que diabos quer dizer isso? que Che Guevara é cool?), lançou um concurso para cartunistas novatos e veteranos e o prêmio nada mais era do que um pinguim de louça.
A história do prêmio e a polêmica que o envolveu - muitos cartunistas acharam que a revista estava se aproveitando da vontade de aparecer dos artistas em troca de visibilidade - estão bem contadas aqui, no Blog dos Quadrinhos do Paulo Ramos.

Apenas relato que vários desenhos enviados ironizavam o próprio concurso, e a Piauí teve a manha de premiar justamente um dos cartuns críticos, o meu.

Hoje fui receber a estatueta.
Aaaah, mas não era um reles pinguim de louça qualquer comprado em loja!!!
(se fosse já seria engraçado, pois pinguim de geladeira é um ícone do kitsch).
É um pinguim maneiro, o mascote da Piauí, especialmente feito para a revista.
E não se pode dizer que a revista esteja obtendo "colaboradores de graça" por meio do concurso.
Não sei como serão os próximos números, mas meu cartum está num cantinho da penúltima página, junto com e-mails ranzinzas; ao passo que artistas contratados como Caco Galhardo e Negreiros ocupam bons espaços e enriquecem a revista, que se mostra generosa com os artistas gráficos desde o primeiro número.
(e que história fantástica a do Caco Galhardo, "Nicotina"!! Seis paginonas coloridas de humor-verdade na veia. Não dá pra reclamar da Piauí 38 na categoria "veículo que abre espaço pra cartunista").


Na foto, recebo o troféu das mãos do João Vinicius, do marketing (em São Paulo fica o escritório comercial) e, ao lado, a funcionária Marilene.
O problema das publicações e clientes que pedem colaboração "no risco" e "na faixa" persiste, no nosso ramo, e merecem críticas como as que fizemos.
Quanto à Piauí, e sua reação ao meu desenho, me fez lembrar a saudosa Seção Pretensão da revista MAD do meu tempo, capitaneada pelo mestre Ota, revista que nutria um saudável desrespeito tanto pelo leitor como para si mesma.
Viva a ironia!
e de volta ao Jorge.

sábado, 7 de novembro de 2009

Making Of de Jubiabá na revista Ilustrar



O ilustrador e designer Ricardo Antunes, brasileiro radicado em Portugal, me convidou para participar da revista Ilustrar - revista brasileira de ilustração, arte e design.
A revista é um arraaaaaso, de um capricho ímpar.
Só não posso repetir o bordão de que "só tem fera" porque me aceitaram lá também.
Mas fiz o possível para não fazer feio.
(não é modéstia minha, verdadeira ou fingida, é respeito e temor; as edições anteriores, com Benício, Cárcamo, Carlos Nine & cia, impõem no mínimo respeito).

Ilustradores, artistas, designers e simpatizantes TÊM a obrigação de conhecer essa revista.
Não é só pelos trabalhos lindos que ela publica, e as entrevistas e depoimentos dos ilustradores - a direção de arte, o projeto gráfico são de primeira.
A revista por enquanto é gratuita, e você pode baixar o PDF desta e das edições anteriores, aqui:


A capa da edição número 13 traz o talento absurdo do jovem Tiago Hoisel, que já chega humilhando com seu hiper-realismo cheio de humor. Montalvo Machado dá uma aula de sketchbooks, cadernos de esboços para pegar "apontamentos" na rua e registrar desenhos sem compromisso. Renato Alarcão recomenda a realização de projetos pessoais como uma espécie de terapia, para os ilustradores sempre às voltas com encomendas e desenhos para clientes, e abre sua coluna para depoimentos tocantes de vários coleguinhas nossos. E tem coluna assinada pelo Brad Holland, mito da ilustração americana.



Na minha participação, um "passo a passo" em que mostro o desenvolvimento de alguns personagens de Jubiabá, uma página desde o lápis até a arte-final e minha curtíssima experiência com xilogravura para fazer o logotipo da capa e a cena de Baldo na praia que parece gravura.



Ricardo, muitíssimo obrigado pelo convite generoso e parabéns pelo trabalho persistente, impecável e nobilíssimo. Abraço grande.

domingo, 1 de novembro de 2009

Jubiabá recebe o Troféu Bigorna


"Jubiabá" ganhou o Troféu Bigorna 2009. Ou eu ganhei de "melhor cartunista" (hein?) por ter feito o Jubiabá.
(sim, também sou cartunista, mas às vezes e dificilmente o melhor...)

Não importa, o troféu é bonito e engraçado e o Márcio Baraldi, em cujo Festão vai ser entregue o prêmio, é um figuraça e velho amigo. O Festão do Baraldi é no dia 5 de dezembro, sábado, das 14h às 19h, no Bar Blackmore (Al. dos Maracatins, 1.317 – atrás do Shopping Ibirapuera – São Paulo-SP).

Além de ser o cartunista mais empreendedor e exagerado do Brasil (sabe aqueles caras do Velho Oeste que chegavam na cidade com uma carroça de remédios, fazem mágica para atrair o povo na rua? ele é mais ou menos assim...), seu cartum me evoca uns desenhos animados que eu gostava muito, a série Jorge das Selvas do americano Jay Ward (também Tom Sem Freio e Super-Galo).
Olha o link do prêmio aqui:


Obrigado pela rasgação de seda, Márcio...
a gente se vê na festa:

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entrevista para a Verbo 21

Já faz quase um mês que fui lançar Jubiabá na terra de Jorge Amado...


e ainda não tive tempo de fazer uma postagem decente, contando da recepção calorosa que tive pelo pessoal da Fundação Pedro Calmon, da entrevista-interrogatório desenvolvida por Mayrant Gallo e aplicada por Lima Trindade e Cláudio de Oliveira, a visita à Fundação Casa de Jorge Amado e o papo gostoso com a diretora Myriam Fraga, a moqueca no Bar do Edinho no Ceasa do Rio Vermelho e a moqueca de siri no Iemanjá com Antônio Cedraz, o rei do Xaxado etc etc etc.

Por ora, vai o link da entrevista na revista de Cultura e Literatura Verbo 21, que dá uma idéia das perguntas inteligentes que enfrentei na livraria Multicampi-LDM. Não podia bobear não - todo mundo ali especialista em Bahia e Jorge Amado. Mas acho que não fiz feio (a entrevista ao vivo não foi bem essa do link, mas procurei responder de novo no mesmo clima).
abraços e saudades...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Agora é na Bahia!


Este é o cartaz com a programação do seminário "Atualidade de Jorge Amado", promovido pela Fundação Pedro Calmon.

Faremos o lançamento de "Jubiabá" na sexta-feira, dia 28 de agosto, na Livraria LDM - Multicampi (rua Direita da Piedade, 20).
"O dia 28/8 (sexta-feira) será dedicado a um dos principais romances escritos por Jorge Amado: Jubiabá. Na LDM Livraria Multicampi, a partir das 17h, ocorrerá um debate sobre a obra com o cartunista e ilustrador João Spacca de Oliveira e os Mestres em Literatura (UFBA), Lima Trindade e Cláudio José. Em seguida, às 18h30, ocorrerá o lançamento de Jubiabá em quadrinhos, de João Spacca e A última trincheira (arte, cultura e identidade nacional), de Charles Kiefer." (do site da FPC).

Começa com uma mesa redonda às 17:00, depois tem lançamento às 18:30 e termina sabe-se lá quando, com amigos e bolinhos de acarajé...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

LANÇAMENTO DE JUBIABÁ EM SÃO PAULO E SALVADOR!

Venha comemorar o aniversário de Jorge Amado em São Paulo e Salvador com o lançamento oficial de JUBIABÁ EM QUADRINHOS!

em São Paulo:
13 de agosto, quinta-feira
livraria HQMIX
Praça Roosevelt, 142 - Centro - SP
(próximo ao espaço Satyros e Parlapatões)
fone (11) 3258 7740
....................................................................................................
em Salvador:
28 de agosto, sexta-feira
livraria MULTICAMPI - LDM
Rua Direita da Piedade, 20 - Salvador BA
fone (71) 2101 8000

no seminário "Atualidade de Jorge Amado"
promovido pela Fundação Pedro Calmon

17:00 - mesa redonda com Lima Trindrade,
Cláudio José M. de Oliveira e Spacca

18:30 - lançamento de JUBIABÁ em HQ com Spacca

sábado, 6 de junho de 2009

MAKING OF DA CAPA



Fazer capa, pra mim, sempre foi um parto. A fórceps, de elefante...
Nunca fiquei muito satisfeito com as minhas capas. Talvez por estar ciente da sua importância, das várias funções (destacar-se numa livraria ou num catálogo, ser informativa, atraente, mostrar o conteúdo sem entregar todo o ouro...). É como uma embalagem.
Tinha medo que, por excesso de informação, ficasse uma capa como a do D.João Carioca, simpática, mas cheia de elementos dispersivos.

Por isso apelei ao super Bruno Porto, designer carioca radicado em Shangai, China, para pedir alguns pitacos. Ele se animou, fez muito mais que isso e prestou uma verdadeira consultoria de capa de quadrinhos.
Meu pedido de socorro não partiu do zero. Eu já havia quebrado a cabeça e tinha feito estes estudos. O primeiro é o layout que fez parte da proposta da editora, ainda na fase da concorrência pelos direitos do Jorge Amado. Quem conhece a história vai perceber que eu ainda não havia lido o livro inteiro.
E os desenhos seguintes são uma tentativa de mostrar de tudo um pouco.

O Baldo boxeador domina a cena, e o pai de santo Jubiabá aparece no alto, como se fosse o Obi Wan do Baldo, falando "que a força esteja com você" em nagô :)
Já achava tudo muito antigo. Eu queria algo retrô, mas não antiquado.
E também queria destaque para o Baldo herói, lutador, por influência da Festcomix que eu havia visitado recentemente. Sem deixar de ser "Bahia de Jorge Amado".

E mais: tinha que ter CARA DE GIBI.

Bruno concordou que precisava de um upgrade e mandou um monte de capas de HQ que ele achava legais. Coisas que mostrassem heróis, brincassem com o retrô-moderno.



Fiquei bobo com as capas do Bá & Moon para o Umbrella Academy e outros trabalhos. Layout (composição) sempre magnífico, limpo e instigante, elegante e cool... Gostei também da capa do "Capote em Kansas".

Daí fiz a minha lição de casa. Desenvolvi o tema do lutador, hierarquizando os elementos em planos, tentando composições geométricas mais definidas.


Achei importante destacar a placa do bar "Lanterna dos Afogados" por causa da música dos Paralamas do Sucesso - foi uma surpresa ler o romance e descobrir que esse nome viera dali.

O layout inspirado em "Capote em Kansas" mostra Baldo saindo do Lanterna com uma "cabrocha", com a luz do bar projetando no chão. Eu gostei desse, o Bruno também... seria uma capa mais suave, tem um climão.

Mas eu estava resolvido a investir na capa do Baldo lutador, mais dinâmica e, achava eu, mais atraente para o leitor de HQ.

Foi então que pegamos um desvio para o pop e o bizarro...



Bruno ficou maluco quando soube que o Baldo em certa altura lutou num circo, vestido com pele de tigre igual ao Lothar do Mandrake. "Isso eu não sabia que era Jorge Amado", ele disse. E resolvemos apostar nesse caminho.

O Bruno também andava fazendo uns cartazes com cartazes colados em muro, pichações... então eu fiz um cartaz do Baldo de lutador com design circense, com aquele colorido berrante e decadente dos circos. E para manter a ambientação em Salvador, o cartaz estava colado numa parede, e da parede continuava um cenário noturno com outros personagens ao fundo.

Alguns amigos torceram o nariz - o cartunista Érico San Juan disse, não sem razão, que "não parecia capa e podia confundir". Bem, estranhamento era tudo o que a gente queria.

Ficamos fascinados com esse caminho e viajamos legal na idéia.
E apresentei um layout bem acabado para a Cia. das Letras.

Eles devem ter estranhado à beça, e não aceitaram...
Eu estava preparado para essa possibilidade. E fui no plano B.

Segui então o caminho do "Baldo boxeador".



Procurei retratar uma atitude menos óbvia, no intervalo entre uma luta e outra (não dá para saber se ele está ganhando ou perdendo), quis mostrar bem os símbolos da tatuagem no peito e a figa.

Pai Jubiabá paira como uma vinheta ou um fantasma sobre a cena.
Gosto dessa função sobrenatural de Jubiabá, bem frontal como uma máscara africana, como um totem, contrastando com a presença viva de Baldo, o verdadeiro protagonista desse romance.

E fiquei muito satisfeito com a composição, parecia que funcionava com qualquer cor e com variações (com igreja, sem igreja, só em traço etc).

Porém, esta segunda opção deu trave de novo.
A editora argumentou que o romance não era só boxe; que aquela era uma parte pequena em relação à saga de Antonio Balduíno.
É verdade; mas eu achava que isso não era problema, pois "Baldo lutador" podia simbolizar todas as outras lutas daquele personagem.
Às vezes, o que "pega" não é exatamente o que está sendo discutido, e sim alguma outra impressão não dita...
Então pensei: até agora, apresentei apenas capas "de moleque", talvez masculinas demais... e se eu mostrar aquela do Baldo saindo do Lanterna? Era mais elegante e sugestiva (a gente achou mesmo que tinha mais "cara de Companhia das Letras", mas eu queria uma capa de herói...).

E apresentei. "Sucesso total", respondeu a Helen da Cia. por email.


Bom. Resolvido! Habemos capa!
Falei do resultado para o Bruno e comemoramos 15 mil km um do outro.
Voltei ao trabalho de finalizar o Jubiabá.

Uns três meses depois, depois de colorir a última página, peguei a capa para finalizar.
Completei o layout com os personagens e o Jorge Amado, aprovaram, e finalizei.

Algo me dizia que não estava boa a contracapa... mas a gente perde um pouco a noção, pela pressa ou pela vontade de ver pronto logo.
Depois da capa finalizada, o pessoal da editora começou a achar a contracapa meio poluída... vieram sem jeito pedir para mudar, pois já havia sido aprovada, afinal.
Minha intuição foi confirmada. Ao rever a capa depois de alguns dias, ela me pareceu super atravancada. Bem desenhada, mas no conjunto, tudo meio apertado, muita informação.

Eu havia feito assim para compensar a capa mais clean.
Então fiz uma experiência, de separar um pouco os elementos, retirar algumas coisas...
Aí me deu um estalo.


Lembrei da cena noturna do layout do cartaz de circo. E achei que combinava, formava uma unidade, mantinha a atmosfera da capa.
Bingo. Aprovaram, que beleza, muito legal...

Gostei do processo, das voltas, e de como ficou.
Acabou ficando uma capa lunar, os personagens são apenas sugeridos na paisagem noturna, abre espaço para a imaginação. Eu olho essa capa e penso no vozeirão de Caymmi, Baldo encarnando "João Valentão" e alguns metros adiante, quebrando na praia, o maaaaar...

A brincadeira da capa começou em agosto e terminou em abril. Nove meses de quebra-cabeça.
Eu sabia que ia ser um parto...

Vejam o site da Companhia das Letras... aliás, do selo QUADRINHOS NA CIA e confiram os lançamentos.

terça-feira, 17 de março de 2009

JUBIABÁ X CAPITÃES DA AREIA



"Capitães da Areia" é de 1937, dois anos depois de Jubiabá.

A história da gangue de meninos que vive num trapiche e pratica pequenos roubos remete naturalmente aos capítulos de "Jubiabá" em que se narra a adolescência solta de Baldo depois de ter fugido da casa do Comendador Pereira.

É um tema que não se esgotou em "Jubiabá" e deve ter parecido ao autor que merecia um romance só para ele. O tema dos jovens delinquentes urbanos é recorrente na literatura, como no Oliver Twist de Dickens. "Capitães" se apresenta como um ao mesmo tempo cru e romantizado dos meninos de rua, vejo nos dois livros as peripécias e o tom melodramático dos filmes de Charlie Chaplin, com o propósito explícito de provocar simpatia e comover.

Eu não havia lido "Capitães". Resolvi ler agora para formar uma opinião a respeito.

Ora, "Capitães", não sei a partir de quando, ultrapassou em muito a fama de "Jubiabá", que foi um best-seller para a época. Fiquei curioso em saber se tinha brilho próprio, se seria um romance "melhor" que "Jubiabá", em algum sentido.

Verifiquei duas coisas: primeiro, é sim, muito parecido; e segundo, apesar disso, consegue ter personalidade própria e os personagens de um livro não se misturam com os do outro, apesar de terem funções e papéis muito semelhantes. Os dois universos têm equivalências, melhor dizendo. Por exemplo,

1) Baldo (Jubiabá) equivale a Pedro Bala (Capitães da Areia).
O primeiro é negro, o segundo é loiro. Mas a personalidade e as habilidades são as mesmas: são valentes, justos, são os líderes das suas gangues.
Baldo é filho de um jagunço de Antonio Conselheiro; Pedro Bala, do estivador Raimundo o Loiro, morto em um comício de greve pela polícia.
Os dois têm cicatriz na face, a de Baldo adquirida já adulto.

Os dois "evoluem" durante a história e passam da vida de malandragem para a revolta operária. Baldo talvez permaneça estivador, enquanto Pedro Bala forma uma tropa de choque para debandar fura-greves e depois se torna o militante "camarada Pedro Bala".

Um "dado cultural" das duas turmas de moleques, que afinal são retratos do mesmo tipo urbano, é o hábito de "derrubar negrinhas no areal" (ou seja, estupravam as moças que tinham a imprudência de cortar caminho pela praia à noite).

2) Gordo (Jubiabá) equivale a Pirulito (Capitães da Areia).
Ambos são carolas, católicos, vivem rezando, o Gordo mais supersticioso com seus santinhos, Pirulito (que é magro) entra para a Igreja.

3) Felipe o Belo (Jubiabá) equivale a Gato (Capitães da Areia).
Gato é um pouco mais velho. Ambos metidos a elegante, gostam de usar anel, Felipe usa uma gravata, Gato acaba malandro e cafetão.

4) o pai de santo Jubiabá (Jubiabá) e a mãe de santo Don'Aninha (Capitães da Areia).

5) capoeirista amigo dos meninos: Zé Camarão (Jubiabá) e Querido de Deus, que também é pescador (Capitães da Areia).

6) menino com deficiência física: Viriato, o Anão (Jubiabá) e Sem-Pernas (Capitães da Areia). Ambos são carrancudos e amargos. Os dois se suicidam.

7) boteco ponto de encontro da galera: Lanterna dos Afogados (Jubiabá) e Porta do Mar(Capitães da Areia).

8) contador de histórias: escritor de ABC ou cordel (Jubiabá) e Professor (Capitães da Areia).
Com a diferença que Professor é um personagem muito mais desenvolvido e faz parte da turma do trapiche. Contudo, em ambos os livros está presente o elemento inteletual, que percebe que aquela vida dos meninos daria um livro. Professor é quem lê as notícias de jornal para a gangue, bola os planos de assalto e também sabe desenhar, e mais tarde vai se tornar um pintor renomado de temática social, e provavelmente filiado ao Partido (no final de Capitães, um estudante que milita diz que o pintor João José é um "companheiro bom".

Existem mais dois elementos de roteiro bastante marcantes, que acredito que desempenham função semelhante no desenvolvimento dos personagens:

9) momento lírico e nostálgico: circo (Jubiabá) e carrossel (Capitães da Areia).
Nos dois livros, o circo e o carrossel são decadentes, o circo quase falindo, o carrossel com a tinta dos cavalos descascando.
São dois momentos que evocam a infância e o sonho.
Em "Capitães", há uma cena muito marcante, que não faz parte do enredo mas é contada pelo narrador, dos cangaceiros de Lampião brincando no carrossel. O que indica que os cangaceiros são puros, ou crianças grandes, ou crianças sem família como os Capitães da Areia, meninos que parecem homens e que também se esbaldam brincando no carrossel a infância que não tiveram.

10) pesadelo ou inferno: fuga de Baldo na capoeira (Jubiabá) e prisão de Pedro Bala na solitária ou cafua (Capitães da Areia).
Etapa de provação do personagem, em que ele se encontra sozinho, no deserto, em dificuldades, padecendo de fome e sede. Nos dois livros, os respectivos heróis ficam vários dias isolados, com seus pesadelos e fantasmas, deliram e saem mais amadurecidos e marcados pela experiência. É uma experiência próxima da morte da qual saem renascidos.

11) o final apoteótico da Greve, a "festa dos pobres" (nos dois livros).
Baldo e Pedro Bala se revelam, encontram seus destinos, na greve portuária.
São atraídos inicialmente pelas mesmas coisas: gostam da briga, da confusão, de enfrentar a polícia.
Depois percebem seu significado mais profundo.
"É uma coisa bonita a greve, a mais bela das aventuras", "A greve é a festa dos pobres" etc. (Capitães).
"A greve o salvou, a greve foi seu ABC" (Jubiabá).
"A revolução chama Pedro Bala" (Capitães).

É notável que a revolução, para Jorge Amado, explicava tudo e preenchia tudo como a religião, só que numa oitava superior, seria uma resposta existencialista mais perfeita.
Em "Jubiabá", a sabedoria do pai de santo é superada pela verdade aprendida por Baldo na greve (!) e Jubiabá "se curva diante de Baldo como diante de Oxalufã, o maior dos orixás" (!!).
E em "Capitães", "A revolução chama Pedro Bala como deus chamava Pirulito nas noites do trapiche".

O que não tem em Jubiabá: um padre liberal como o Padre José Pedro e uma heroína lutadora como Joana, o par romântico de Pedro Bala. A musa em Jubiabá é Lindinalva, que nas palavras de um crítico "passa pelo romance como um fantasma". Este papel de musa intocável inspiradora Joana desempenha em relação ao personagem Professor, de "Capitães", secretamente apaixonado pela namorada do chefe.

Também não há um personagem sertanejo como o soturno Volta-Seca em Jubiabá, garoto que sonha em se juntar ao bando de Lampião. Contudo, a associação dos cangaceiros com os revolucionários está presente nas duas obras. Baldo era filho de um jagunço valente e queria ser um herói de ABC (cordel).

Em "Capitães", a aproximação é maior: "Lampião luta, mata, deflora (!) e furta pela liberdade". Eu, heim...

É preciso dizer que Jorge Amado era um genial batizador de personagens e lugares. Até bares e botecos ganham nomes inesquecíveis. Isto contribui para que os personagens de um e de outro livro tenham, apesar de tantas semelhanças, a sua individualidade bem marcada e inconfundível.

links: Jubiabá / Capitães da Areia (leia o livro! leia o livro!...)

sexta-feira, 6 de março de 2009

PERSONAGEM # 14: TOTONHO DA ROSINHA

Saudações! este blog é uma introdução ao Maravilhoso Mundo Jorgeamadiano dos Mistérios da Bahia de Todos os Santos e do Pai de Santo Jubiabá, por meio de seus personagens. Vou publicar semanalmente, ou mais amiúde até, FICHAS DOS PERSONAGENS principais dessa saga. Até o Urso vai entrar. Mas tem muito personagem antes dele pra mostrar...

Décima quarta ficha: (clique na imagem para ampliar)


NOME: Totonho da Rosinha.
QUEM É? troglodita que enfrenta Baldo na sua breve fase de lutador no Grande Circo Internacional.
TRAÇOS FÍSICOS: Um "camponês gigantesco". "Um gigante, aquele camponês de alpercatas e de bordão" (J.A.).
PERSONALIDADE: Apesar de se considerar vitorioso antes da luta começar, é modesto e desconfiado como os sertanejos.
HABILIDADES: "Na roça ele derribava árvores com poucas machadadas e carregava troncos enormes através de enormes distâncias".
PONTO FRACO: Só tem força bruta, não sabe socar.

Quando Euclides da Cunha escreveu que "o sertanejo é antes de tudo um forte", ele tinha em mente o cabra rijo mas franzino, que tem justamente a resistência dos caprinos - não esse Hércules baiano imaginado por Jorge Amado.
É um páreo duro para Baldo esse adversário que Luigi arranjou.
Baldo é boxeador e capoeirista, mais malandro que Totonho. Se fosse só um duelo de força Totonho ganhava fácil, pois no primeiro instante levou um soco de Baldo no queixo e nem sentiu, e em seguida levantou o negro no alto e jogou no chão com violência.

O crítico Octávio Tarquínio de Souza cismou com o termo "camponês" usado por Jorge Amado:

"quando trata dos nossos trabalhadores rurais, dos homens do interior, dos caipiras, matutos ou roceiros, diz enfaticamente 'camponês'. Ora, 'camponês' no Brasil é uma literatura, má literatura; é tradução, é reflexo de leituras de cartazes de propaganda comunista. Na roça, no interior do Brasil, de norte a sul, ninguém diz 'camponês'. Vá o romancista de Jubiabá chamar 'camponês' aos caboclos ou aos negros de enxada, e verá o ar desconfiado com que acolherão." (Jorge Amado, 30 anos de literatura, Livraria Martins Editora, São Paulo 1961).

É verdade. No Brasil tem matuto, cabra, sertanejo, caipira, caboclo... "Camponês" é cacoete da militância política de Jorge Amado naqueles tempos.

Mas ao desenhar esse "camponês" que deveria ser maior e mais forte do que Baldo (que já é "alto como uma árvore"), sem querer ele foi ficando parecido com um outro personagem camponês, digo, sertanejo. Reparem na queixada do Zé Pequeno da Turma do Xaxado, criação de Antônio Cedraz:

Conheça o livro "JUBIABÁ" original de JA, clicando aqui.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

PERSONAGEM #12 - ZÉ CAMARÃO

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Décima segunda ficha: (clique na imagem para ampliar)


NOME: Zé Camarão.
QUEM É? malandro do morro do Capa Negro.
TRAÇOS FÍSICOS: "Era um mulato alto e amarelado, eternamente gingando o corpo".
PERSONALIDADE: Conversador, simpático, sedutor. Tá sempre contando prosa. Conquistador, Baldo leva recados para as namoradas dele.
As "cabrochas" se derretem com sua voz cheia, o sorriso, os olhos doces, a boca vermelha.
HABILIDADES: Lutar capoeira e cantar modinhas e sambas no violão. Ídolo da molecada do morro. Valente, deixou dois talhos de navalha na cara do Lourenço, o galego da venda.
FUNÇÃO NA HISTÓRIA: Zé Camarão é quem ensina Baldo a lutar capoeira e tocar violão. Passa horas e horas ensinando capoeira para os garotos do morro, tem uma paciência infinita com eles. Ensina rabo-de-arraia, a desarmar um homem com punhal.

Para Baldo, Pai Jubiabá e Zé Camarão eram os únicos negros livres do Morro do Capa Negro.
E ambos eram perseguidos, um por ser macumbeiro, outro pela malandragem. Os outros ainda eram escravos, escravos do trabalho.

Por isso Baldo resolveu lutar, para ser livre, como os cangaceiros das canções de Zé Camarão.

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

PERSONAGEM #11: FELIPE, O BELO

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Décima primeira ficha: (clique na imagem para ampliar)


NOME: Felipe, o Belo.
QUEM É? O menorzinho da gangue de Baldo. Tem perto de 10 anos quando entra na história.
TRAÇOS FÍSICOS: Loiro, rosto redondo de santo de procissão, olhos azuis.
FAMÍLIA: Vive com os moleques, mas é filho de uma "francesa velha dos bordéis da Rua de Baixo com um estudante".
ESPECIALIDADE: Velhotas. Felipe sabe chorar com convicção na hora que quiser, as lágrimas correm fácil pelas faces rosadas, e as senhoras não resistem e lhe dão gordas esmolas.
PONTO FRACO: Jóias.
FRASE: "Nasci pra usar anel".

Dois anos depois de "Jubiabá", Jorge Amado desenvolveu este tema dos meninos de rua no famoso "Capitães da Areia" (1937).
Este Felipe lembra o personagem Gato, de "Capitães", um malandrinho um pouco mais velho, muito vaidoso, que gostava de andar na estica e sempre usava uma gravata. Felipe também tem uma gravata velha.
Um dias coloco aqui um post comparando os personagens da fase teen de "Jubiabá" com os personagens de "Capitães da Areia".

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

PERSONAGEM #10: MESTRE MANUEL

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Até o Urso vai entrar. Mas tem muito personagem antes dele pra mostrar...

Décima ficha:

(clique na imagem para ampliar)

NOME: Mestre Manuel.
PROFISSÃO: mestre de saveiro.
QUEM É? É quem leva Baldo em sua andança sem rumo pelo Recôncavo.
TRAÇOS FÍSICOS: "Todo ele é de uma cor só, um bronze escuro. É difícil dizer se Mestre Manuel é branco, negro ou mulato. É um marinheiro cor de bronze, isto sim" (JA).
COMPANHEIRA: Maria Clara.
COMPANHEIRO: o "Viajante sem Porto", o saveiro mais veloz daquelas águas.
IDADE: Aqui eu comi uma senhora bola... veja o desenho que fiz.
Agora, leia esta descrição de JA:
"Aparenta trinta anos. Ninguém lhe dará os cinquenta que traz no costado".
Cinquenta anos! Mas devia aparentar trinta.
Acho que vi tanta foto de velho curtido pelo sol e pelos ventos (e é o contrário do que Jorge Amado diz, esses pescadores e mestres de saveiro são fortes, mas a pele é cheia de veios, de marcas) que desenhei sem querer um Mestre mais velhão.

Errei, mas não errei sozinho...
Veja quem fez o papel de Mestre Manuel no filme "Jubiabá" (1987) de Nelson Pereira dos Santos: o grande ator Jofre Soares.


Não é a cara?
Juro que não copiei (se tivesse copiado, teria feito mais parecido em homenagem ao Jofre).

Fui guiado pela certeza de como deveria ser um mestre de saveiro, dono de um barco chamado "Viajante sem Porto", respeitado em toda a zona do porto da Bahia, da feira de Água dos Meninos, dos botequins de todos os pequenos portos. Conhecedor da Mãe d'Água e de todos os mistérios e segredos do mar. O arquétipo do Mestre de Saveiro, o velho sábio das águas.

Só podia ser o Jofre, o arquétipo do velho nordestino...
Ele era bom como coronel, retirante, vagabundo.
Atuava sempre da mesma forma, e sempre bem.
======
PS - putz!
olha só de onde veio...


vi este filme na TV quando era criança.
"O Velho e o Mar", com o Spencer Tracy.
O livro do Hemingway é show de bola, obra prima - um livrinho fino, compacto, com frases curtas e muito expressivo.

Sem dúvida, ajudou a compor (sem que eu tivesse consciência, eu só me lembrava do Jofre Soares) Mestre Manuel.

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

PERSONAGEM # 9: VIRIATO, O ANÃO

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Nona ficha:


NOME: Viriato, o Anão
QUEM É? faz parte da gangue juvenil de Baldo.
TRAÇOS FÍSICOS: Viriato, o anão, é anão.
Tem 13 anos quando aparece na história ("três a mais que Felipe"), mas devia aparentar mais. "Baixote e pesadão, possuía uma força prodigiosa para a sua idade". Anda curvado.
HUMOR: Carrancudo. Enquanto os outros gargalham, ele no máximo sorri.
PROFISSÃO: Mendigo. Dos moleques que mendigam, é o que mais leva a sério a profissão.
ESTRATÉGIA: Ficar parado numa esquina da rua Chile o dia inteiro, imóvel, feito uma estátua.
"Parecia fazer parte da porta onde se sentava, como uma escultura trágica, um monstro de igreja".
HABILIDADES: É craque em encontrar pessoas perdidas. Foi ele quem descobriu o paradeiro da mãe de Rozendo. quando este estava doente.
PONTO FRACO: Apesar de parecer de pedra, Viriato tem um medo danado da solidão, de não ter pai nem mãe pra cuidar dele se fica doente. É ruim não encontrar o olho da piedade. Oju anun fó ti iká, okú!

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sábado, 31 de janeiro de 2009

PERSONAGEM #8: ZUMBI DOS PALMARES

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Oitava ficha:

NOME: Zumbi dos Palmares
QUEM É? Líder do Quilombo dos Palmares. É o herói predileto de Baldo.
Na verdade, Zumbi não faz parte desta história; é Pai Jubiabá quem conta para Baldo a história de Zumbi.
Baldo estava morando na travessa Zumbi dos Palmares, onde sofria surras ferozes de Amélia e pensava em fugir da casa do Comendador.
Jubiabá, numa das vezes em que levava Baldo para visitar Luísa, vendo que ele estava muito triste, contou a história de Zumbi dos Palmares:
"Zumbi dos Palmares era um negro valente e sabia mais que os outros. Um dia fugiu, juntou um bando de negro e ficou livre que nem na terra dele. Aí foi fugindo mais negro e indo pra junto de Zumbi. Foi ficando uma cidade grande de negros..."
MORTE LENDÁRIA - O Zumbi histórico sobreviveu ao ataque do bandeirante Domingos Jorge Velho em 1694, e no ano seguinte foi denunciado por um antigo companheiro, preso e degolado.
Mas Jubiabá (ou Jorge Amado...) conta a famosa versão romanceada em que Zumbi, quando viu que estava perdendo a batalha, se atira num precipício para não voltar a ser escravo.

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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PERSONAGEM #7: AMÉLIA

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Sétima ficha:

NOME: Amélia.
QUEM É? Cozinheira do Comendador Pereira, que pegara Baldo para criar depois que... leia o livro :)
TRAÇOS FÍSICOS: branca, portuguesa.
No livro ela faz duas tranças com o cabelo comprido e fica admirando no espelho. Mas isso não combinava bem com a touca de criada... As tranças devem estar lá, em coque.
HABILIDADES: Cozinha, faz doce de caju.
PERSONALIDADE: Rancorosa, ciumenta, dissimulada, faz intrigas. Amélia é que era vilã de verdade...
Dá violentas surras em Baldo quando o pega fumando. Sente crises de ciúme quando os patrões elogiam o rapaz. E vai mudar o destino dele duas vezes.
Mas é uma peste de ruim. Não foi fácil desenhá-la diferente da Carlota Joaquina :)
FRASE TÍPICA: "Negro é raça ruim, negro não é gente".

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PERSONAGEM #6; LUIGI

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Sexta ficha:





NOME: Luigi.

QUEM É? Agente e treinador de Baldo.


TRAÇOS FÍSICOS: branco, italiano, "muitos anos no costado e poucos cabelos na testa". Como é treinador de boxe, presumo que tenha lutado. Por isso, deve ser um coroa meio parrudo.

PERSONALIDADE: Otimista, entusiasmado, emotivo. Abraça, fala com as mãos. Arranca os cabelos quando Baldo se esquece que é boxeador e mete uma "bênção" de capoeira nos peitos do adversário.



SITUAÇÃO FINANCEIRA: Vive altos e baixos. Geralmente está na lona. Às vezes literalmente, quando depois se torna empresário do Grande Circo Internacional. Que é quando Baldo ganha o Urso. Mas isto é assunto pra outra ficha.

FRASE TÍPICA: Per la madonna!

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PERSONAGEM #5: LUÍZA

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Ou todos. O urso eu sei que vou...
Quinta ficha:


NOME: Luíza.

QUEM É? Tia de Baldo.

ONDE MORA? No Morro do Capa Preto.

PROFISSÃO: Quituteira.

TRAÇOS FÍSICOS: negra, velha, alta, porte nobre.

TRAJE CARACTERÍSTICO: de baiana. Saia de chita vermelha e anágua quando vai ao terreiro vender mingau.

PERSONALIDADE: personalidade forte, conversadeira, envolvente. Nas noites de domingo, a porta da sua casa é o "point" onde os moradores do morro vem jogar conversa fora.

HABILIDADES: Faz munguzá e mingau de puba pra vender de noite no terreiro de Pai Jubiabá. Também sabe dar lambadas em Baldo com correia ou folha de espada-de-oxóssi.

PONTO FRACO: Uma dor de cabeça misteriosa que a ataca de vez em quando. Quando isso acontece, Baldo vai correndo chamar Pai Jubiabá. Pode ser de tanto levar lata quente de mingau na cabeça, mas Sinhá Augusta das Rendas jura que é espírito.

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

PERSONAGEM #4: LINDINALVA

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Quarta ficha:

NOME: Lindinalva
QUEM É? Musa de Baldo.
SITUAÇÃO SOCIAL: Classe média alta, mas sem luxo. É filha do Comendador Pereira, que tem um palacete numa rua triste chamada Zumbi dos Palmares.
PROFISSÃO: a decência manda calar a respeito... são os reveses da vida... afinal, não queremos estragar o livro... mas para Baldo ela será sempre pura.
TRAÇOS FÍSICOS: branca, magra, ruiva e sardenta. Cabelos ondulados cortados entre chanel e a la garçonne.
Baldo acha que ela parece uma santa de calendário.
TRAJE CARACTERÍSTICO: uniforme de colegial dos anos 1920 e aqueles vestidinhos dos filmes de Charlie Chaplin.
ATUAÇÃO: Quase nula. Tipo do personagem que vai sendo empurrado, entende? Parece não ter vontade própria. É apagada, quase um fantasma.
Mas cada vez que ela cruza o caminho de Baldo, é um estrago.
HABILIDADES: Ignoradas.
DESTINO: cruel.

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PERSONAGEM #3: GORDO

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Segunda ficha:

NOME: Gordo.
QUEM É? É o fiel escudeiro, o amigo do peito, o Sancho Pança de Baldo.
PROFISSÃO: jornaleiro. Mas quando Baldo chama para uma aventura, larga tudo e vai com ele. Também foi assistente de Baldo nas lutas de boxe.
TRAÇOS FÍSICOS: O Gordo é gordo. Tem cara de "quem prenuncia desgraça".
OBJETOS PESSOAIS: colar de crucifixo ou santinho.
FRASE TÍPICA: "Senhor, tomai essa alma".
HABILIDADES: tem boa voz e sabe cantar os sambas de Baldo.
Também puxava o coro dos Sete Ceguinhos quando pedia esmola nas ruas:

PERSONALIDADE: Coração imenso e bondoso. Gordo tem sempre o olho da piedade aberto. Generoso, se sacrifica. O Gordo é bom.
MANIA: de descobrir estrelas novas e dar nome a elas. "Olha lá, uma estrela nova. É minha, eu vi primeiro".
ATUAÇÃO: tenta evitar que Baldo cometa erros e faça bobagem. Quase nunca consegue.
FAMÍLIA: mora com uma velha doente, a quem chama de vó.
SENSO MORAL: Honesto e bom. Mas pode ajudar Baldo a fazer malandragens, por amor ao amigo.

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PERSONAGEM #2. PAI JUBIABÁ

Saudações!
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Segunda ficha:


NOME: Pai Jubiabá
QUEM É? É o líder espiritual do Morro do Capa Negro, mentor e protetor de Baldo.
PROFISSÃO: pai de santo (paidessanto? como fica sem hífen?...).
TRAÇOS FÍSICOS: negro, magro,"miúdo e centenário".
TRAJE CARACTERÍSTICO: veste um longo camisolão branco que fica esvoaçando ao vento, chamado "camisu", bordado no peito. Porta um cajado.
OBJETOS PESSOAIS: colares no pescoço, patuás, penduricalhos, pulseira de búzios.
FRASE TÍPICA: É ruim fechar o olho da piedade... fica só o olho da maldade. Ojú anun fó ti iká, li oku!
HABILIDADES: Cura, faz e desfaz feitiços. Espanta lobisomens. os meninos do Morro do Capa Negro acreditam que pai Jubiabá VIRA lobisomem.
ATUAÇÃO: pai Jubiabá aparece do nada na história. Ele aparece muito pouco, mas sua presença é sempre imóvel e marcante - como um tótem, como um ídolo.
(aliás, pensei mesmo em esculturas afro quando desenhei seu tipo).
Em contraste com Balduíno (sempre dinâmico), pai Jubiabá é imóvel, como deve ser um velho sábio. Tudo gira em torno dele, e ele pouco aparece.
Mas quando aparece as pessoas se calam e reverenciam.
Ele também preside as sessões de Candomblé no seu terreiro no Morro do Capa Negro.
SENSO MORAL: Jubiabá é a referência moral de Baldo.
É ouvindo suas histórias nos serões noturnos que Baldo "ouve e aprende".
Sua lição é sobre ter o coração aberto (o olho da piedade).
Quem tem só o "olho da maldade" aberto merece morrer.
(Baldo depois vai aprender uma lição que supera esse valor).


Quer saber o que significa "ojú anun fó ti iká, li oku"?
Conheça o livro "JUBIABÁ" original de JA, clicando aqui.